Clínicas interditadas em Juatuba não tinham prontuários médicos e nem alvará de funcionamento, diz fiscalização
29/09/2025
(Foto: Reprodução) Oito funcionários de clínica de reabilitação são presos em Juatuba
A Vigilância Sanitária de Juatuba, na Região Metropolitana de Belo Horizonte, constatou que as duas clínicas de reabilitação interditadas no último fim de semana não possuíam prontuários médicos nem registros que comprovassem acompanhamento profissional dos pacientes.
As unidades, pertencentes ao Grupo Fênix, funcionavam sem alvará e sem autorização para atuar como instituições terapêuticas.
Segundo o secretário municipal de Saúde, Gustavo Lopes, não foi encontrado nenhum documento médico ou multidisciplinar que indicasse atendimento especializado.
“Na verificação que fizemos, não havia prontuário de paciente, nem registro de equipe técnica”, afirmou.
RELEMBRE: Duas clínicas de reabilitação são interditadas por maus-tratos e cárcere privado
Uso de remédios sem orientação médica
Além das irregularidades sanitárias, novos relatos reforçam as denúncias de maus-tratos. Uma ex-funcionária, que pediu para não ser identificada, contou que os internos eram obrigados a ingerir diversos medicamentos diariamente sem avaliação médica.
"Cinco medicamentos de manhã, cinco à tarde e cinco à noite, sem que elas nem soubessem qual era o tipo de medicamento que elas estavam tomando. Nunca foi passado pra elas, elas nunca passaram por um psiquiatra, por um médico. E eram forçadas, obrigadas a tomar", disse a ex-funcionária, em anonimato.
Já um ex-paciente disse que, apesar de ter sido internado para tratamento, era obrigado a realizar serviços de pedreiro, pintura e manutenção sem qualquer remuneração.
No total, 46 pessoas foram resgatadas, a maioria homens com idades entre 18 e 71 anos. Dezoito pacientes permanecem em um abrigo provisório da prefeitura, onde recebem atendimento médico e psicológico, enquanto os demais já foram encaminhados às famílias.
Oito pessoas, entre funcionários e o dono das unidades, foram presas em flagrante e podem responder por sequestro e cárcere privado. A Polícia Civil conduz as investigações.
Em nota, a prefeitura informou que abriu processo administrativo sanitário contra o Grupo Fênix. A empresa foi procurada, mas não respondeu até a última atualização desta reportagem.
Nos locais foram encontrados diversos medicamentos que eram usados para manter os pacientes sedados.
Foto cedida ao g1
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